quarta-feira, 12 de março de 2008

Dr. Carlos Alberto Faria Rodrigues

HANSENÍASE
Dr. Carlos Alberto Faria Rodrigues
Dermatologista


O que é?
A hanseníase é uma doença que atinge principalmente a pele e os nervos das mãos e dos pés.
· O que é que causa a hanseníase?
Ela é uma doença causada por um micróbio (bacilo). O bacilo causador da hanseníase é
considerado a bactéria de multiplicação mais lenta que existe. Daí, levar anos desde o contágio até o aparecimento dos primeiros sinais e sintomas.
· Então, ela é uma doença contagiosa?
Sim, é contagiosa, mas a bactéria, além de ser lenta, ainda, na grande maioria dos casos,é derrotada pelo corpo assim que entra pelo nariz ou pela boca.
· Se ela entra pelo nariz e pela boca ela pode ser transmitida por copos,
talheres e pratos?
Não, as pessoas se contaminam através da respiração.
· Ela é transmitida pelo beijo ou por relação sexual?
Não, o beijo e a relação sexual, em si, não transmitem a doença, contudo, durante o ato sexual existe um contato íntimo, favorecendo a passagem do bacilo, pela respiração.
· Ela, antigamente, era chamada de “doença do sangue”. Ela pode ser
transmitida por transfusão de sangue?
Não, o bacilo “não gosta” da temperatura do sangue. Ele prefere temperaturas mais
baixas, daí ter preferência pela pele.
· Hanseníase é a mesma coisa que “doença do sangue” ou “lepra”?
Esses nomes, errados, existiram, porém a hanseníase era chamada de “doença do
sangue” porque se pensava que ela era hereditária, ou seja, que os filhos dos doentes já nasciam doentes.
Em relação ao nome “lepra” ele foi abolido exatamente para acabar com o preconceito
que vinha junto com o nome. O nome hanseníase veio para trazer conceitos novos: de
uma doença fácil de tratar e que tem cura em curto período de tratamento.
· Já que ela é contagiosa, quando encontro uma pessoa que tem a doença,
quais os cuidados que devo tomar para não ficar doente também?
Supondo que é uma pessoa sabidamente doente, ela deve estar em tratamento, ou estar
curada, portanto não pode mais transmitir a doença. Já nos primeiros dias de tratamento a transmissão não acontece mais.
1 Dr. Carlos Alberto Faria Rodrigues é médico dermatologista, responsável pelo Departamento de Hanseníase do Ambulatório Escola da Faculdade de Enfermagem de Passos e coordenador regional de Hanseníase da Secretaria de Saúde do Estado de Minas Gerais.

Além disso, mais de 90% das pessoas têm resistência natural e, portanto, nunca vão
desenvolver a doença, mesmo em contato íntimo com um doente que não esteja
tomando o remédio, muito menos tendo contato com pacientes que já receberam alta.
· Como vou saber se minha defesa é boa ou ruim?
Atualmente, estão sendo desenvolvidos exames que poderão definir, de forma rápida,
como é a defesa do corpo. Em poucos anos, acredita-se que tais exames já estejam
disponíveis.
· Se eu não tiver uma boa defesa, como posso saber se já estou doente?
Os primeiros sinais e sintomas da hanseníase são:
- Manchas na pele que apresentem dormência. Estas manchas podem ser testadas com
um objeto morno, com um alfinete de costura ou, até mesmo, com um palito de dentes.
Não se deve furar a pele, apenas encostar a ponta ou a cabeça do alfinete na pele
dormente.
- Outro sintoma é a dormência persistente de mãos e pés.
- Nas manchas também, não gruda poeira como na pele normal e pode haver uma
diminuição de pêlos.

· A hanseníase só se manifesta por manchas?
No começo, sim. Aquelas pessoas que não fazem tratamento podem, com o passar dos
anos (vários anos), ter complicações como, por exemplo, a diminuição da força nos
músculos das mãos e pés, além de problemas sérios nas vistas e no nariz.
· Caso eu tenha uma mancha assim, o que devo fazer?
A primeira coisa a fazer é procurar um médico, quer seja nos consultórios, nos
hospitais, ou no próprio bairro, nos “postinhos”, onde estão as equipes do Programa de Saúde da Família.
· O tratamento é caro?
Não, os remédios são fornecidos gratuitamente. Uma vez por mês, o paciente vai ao
médico ou passa com a enfermeira e toma alguns comprimidos; o restante da cartela ele
leva para tomar diariamente em casa.
· Por quanto tempo ele tem que tomar remédio?
O tempo varia de 6 a 12 meses.
· Tanto tempo assim?
Se pensarmos bem, é um tratamento curto.
Vejamos por exemplo o tratamento feito por pacientes diabéticos: ele tem que tomar
remédio diariamente, pelo resto da vida, sendo que, em alguns casos, o paciente tem que tomar a medicação injetável. São uma ou duas injeções por dia e, como foi dito, pelo resto da vida.
· O paciente pode beber bebidas alcoólicas durante o tratamento?
A ingestão de bebida alcoólica não atrapalha o tratamento desde que se use de
moderação. Um “choppinho” não corta o efeito dos remédios.

· Há necessidade de separar quartos ou se afastar de familiares?
De modo algum, a vida tem que continuar normal. A pessoa deve se manter, como antes
do diagnóstico, em plena atividade, afinal, “A vida não pára”.

Um comentário:

Unknown disse...

MEU PRIMO MORA EM UMA REGIÃO PRECÁRIA NA ÁREA DA SAÚDE; POIS HÁ POUCA ATENÇÃO VOLTADA PARA TAL DOENÇA (HANSENÍASE); ELE MORA EM CAMPINÁPOLIS/MT PRÓXIMO A ÁGUA BOA;
ELE COMEÇOU O TRATAMENTO; TERIA QUE FICAR DE REPOUSO OU NÃO?
ELE TRABALHA DE SOL A SOL PARA SUSTENTAR A FAMÍLIA; SEMPRE FOI TRABALHADOR AUTONOMO E NUNCA TEVE APOIO DO GOVERNO...PEÇO AJUDA!!!